segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A Religião da Minha Vizinha


O Cristianismo, com o Edito de Milão, em 313 depois de Cristo, foi legalizado pelo império romano. Com essa medida, a religião, de plebeia, paulatinamente, ascendeu a patamares cada vez mais elevados, até que em 395 d.C., por decreto do imperador Teodósio, ela passa a ser a religião oficial dos romanos.

Com a invasão dos bárbaros, e a consequente derrocada do império, a Igreja firmou-se como instituição proeminente, pois fora a única de destaque que havia resistido às investidas dos povos forasteiros.

A aproximação entre Igreja e reis bárbaros, os quais ansiavam ter seu poder, enfim, legitimado, deu mais força à Igreja, que durante 977 anos foi a instituição hegemônica do mundo ocidental. O período hoje denominado Idade Média, que compreende esses quase mil anos, foi reconhecido pelos pensadores renascentistas do século XV como a idade das trevas, nome esse dado, segundo eles, devido ao atraso intelectual ao qual a sociedade feudal fora submetida. Atualmente, sabe-se que não é justa a denominação “idade das trevas”, pois, à sua maneira, a idade média contribuiu para o desenvolvimento da civilização ocidental. No entanto, também é sabido que a vida levada à base de fé, trabalho e guerra – principais dogmas pregados pela Igreja daquela época – não fora capaz de manter a sociedade imune às intempéries da evolução.

O Cristianismo, e a Igreja Católica principalmente, com o passar dos anos vê seu número de fervorosos adeptos reduzindo-se. Mesmo que o Vaticano sempre esteja oscilando entre déficit e superávit, os dados referente às suas finanças de 2007 são uma boa base a se ter do problema enfrentado pela Igreja: 9 milhões de Euros foi o rombo que o Vaticano anunciou ter. Essa perda de capital se deve, além das crises constantes do mercado, ao abandono, em massa, dos fiéis, que, entre outros motivos, alegam a inadequação da Igreja às novas tendências da modernidade, e outros, ainda, salientam a imoralidade e corrupção implantada do cerne da instituição.

Sacerdotes acusados por pedofilia – processos que deverão custar a bagatela de aproximadamente 2 bilhões de dólares em indenizações aos cofres da Santa Sé – é a principal razão de descontentamento dos adeptos. Além desses crimes, a Igreja já foi enquadrada em outros delitos “modernos” como o ocorrido no início da década de 80: a quebra do Banco Ambrosiano, de Milão, do qual o Instituto para Obras Religiosas (o Banco do Vaticano) era um dos principais acionistas. À frente do Banco do Vaticano, estava o arcebispo Paul Marcinkus, suspeito de envolvimento, como avalista, no esquema de empréstimos fraudulentos no total de 1,4 bilhão de dólares. Para piorar, Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano, apareceu enforcado sob uma ponte do Rio Tâmisa, em Londres, levantando suspeitas de que fora assassinado como queima de arquivo.

Ao analisar-se a história com olhar crítico não se pode cometer anacronismos – perceber certas conjunturas de épocas longínquas com pressupostos atuais, ou vice-versa. Ou seja, só um fanático religioso não percebe que a Igreja, como um todo, é uma instituição corrompida. E essa corrupção vem de séculos, desde muito antes de Martinho Lutero pregar suas 95 teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, criticando ferozmente, entre outras práticas, a venda de indulgências.

Uma religião, uma filosofia, uma doutrina ou qualquer outro engajamento tem seu valor, desde que interpretado corretamente. É inconcebível, nos dias de hoje, meninas e meninos se dizerem adeptos incondicionais dos dogmas tradicionais da Igreja, pois eles foram escritos e utilizados por sociedades que desconheciam os “prazeres” das badaladas casas noturnas, ou os programas tão “sugestivos” que lotam os canais abertos de nossas televisões, ou toda a facilidade disponível para se “trocar informações” através de messengers, celulares e, principalmente, através da Internet.

Não é uma anomalia ver alguém dado inteiramente à devoção, muito pelo contrário, a facilidade de abrir-se essas “empresas da fé” tornou a religião uma epidemia mundial; qualquer um pode ouvir e saber as tais palavras de Cristo. O que muito me preocupa é saber como nossos adolescente conciliam as palavras do Senhor com as novas tendências em se divertir. O pensamento religioso é arcaico e retrógrado, todavia o mundo moderno é veloz e almeja o progresso a todo custo. Não me venham dizer que uma menina se produz toda para ir a uma “balada” com as amigas simplesmente pelo gosto de dançar. Nossas festas atuais, há muito abandonaram esse propósito. E além do mais, ninguém sai às ruas sem malícia; nos tempos modernos, a ingenuidade não é sinônimo de pureza, mas sim indício de retardo mental; nossas crianças já aprendem a “brincar” olhando nossos programinhas infantis, nos quais sempre há uma apresentadora sedutora que encarna o papel de musa dos nossos baixinhos e referência de nossas baixinhas. No berço mesmo, os meninos já aprendem o que é tesão; e as meninas a como se portar para provocá-lo nos meninos.

É uma pena, não estou aqui para apoiar, mas a televisão é ateia. Fazer o quê? O deus dela são as cifras que aumentam junto com os pontos do IBOPE, custe o que custar doa em quem doer. E onde está doendo, e muito, é no caráter dos nossos jovens; a hipocrisia está se alastrando. Meninas com corpos de diaba e rostinhos angelicais estão dominando as casas noturnas das grandes cidades. Com uma bíblia em baixo do braço e várias camisinhas no bolso, elas saem para ensinar AS VÁRIAS POSIÇÕES [tomadas por Cristo durante sua estada na Terra] aos meninos. E a recíproca também é verdadeira, Jeremias que o diga.

Os dogmas tradicionais da Igreja são reacionários, totalmente antiquados. Os velhos princípios basilares da família já ruíram, assim como a própria família. Essas instituições milenares encontraram novos métodos de se manter e evoluir. Interpretar as novas tendências, estudá-las, compreendê-las e, por fim, julgá-las - com opinião própria - é a função dos seres pensantes nesse século XXI. Simplesmente verbalizar aquilo que foi ouvido não é o caminho certo à salvação, à iluminação, à sapiência ou a qualquer outro estágio ômega da existência.

Assim como eu não acredito na minha vizinha, você deveria duvidar das suas convicções. Príncipes encantados não existem, então aproveite o sapo que você tem. Relaxe e goze. Se não gozar, o sapo gozará e pulará fora. Pois, assim como ninguém mais é preso por desfloramento, o sexo deixou de ser feito somente para reprodução.

Estamos em uma nova era. Não se deve seguir alguma religião como uma lei a ser cumprida, mas sim como sugestões a serem consentidas - ou não.


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