Dando vazão aos protestos acalorados da esquerda, o Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul, com o aval do governo do Estado, toma uma medida que irá dar o que falar. Desta vez, a onça cutucada foi o MST, através do cancelamento do convênio com a entidade responsável por contratar e gerenciar professores para as escolas itinerantes, montadas nos acampamentos dos sem terra.
As escolas itinerantes pioneiras foram concebidas em 1996, no Rio Grande do Sul. A intenção delas era dar maior facilidade e comodidade para os alunos chegarem à escola, já que eram montadas no próprio acampamento em que estavam alojadas as famílias dos educandos e, por serem escolas “nômades”, poderiam ir e vir juntamente com os estudantes, sem que o andamento da matéria fosse perdido. Apesar de as escolas contarem com uma infraestrutura extremamente precária: lonas pretas como teto, cadeiras – quando existentes – velhas e as secretarias estaduais de educação locais nem sempre fornecendo os materiais didáticos essenciais, elas atingiram um grau considerável de desenvolvimento, estando, hoje, presentes em 6 Estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Goiás e Alagoas; distribuídas em 45 unidades e um quadro operacional de 350 educadores.
As escolas do movimento, ainda que contem com o apoio das secretárias de educação, mantêm sua linha pedagógica autônoma. O currículo é elaborado de acordo com as necessidades e possibilidades de cada região. Em alguns estados, como no Paraná, são trabalhados "ciclos", em vez de séries, oferecendo um tempo de formação necessário para o aluno obter aquele conhecimento. Ao passo que
Outro fator importante para a gênese das escolas – e talvez, principalmente por esse motivo o interesse do governo direitista em desfazê-las – é o de elas serem centros de disseminação de ideais socialistas. Segundo o Procurador de Justiça do Estado Gilberto Thums, “essas escolas fazem uma lavagem cerebral para passar teorias marxistas. Os estudantes recebem uma educação alienante”. Para o procurador, o certo seria “orientar as crianças sobre a possibilidade de se integrarem ao mundo que está aí, ao mundo produtivo, e o MST quer implantar uma sociedade socialista”.
O quadro que se desenha é a velha queda de braço entre a direita conservadora e a esquerda radical, impasse que, na prática, não leva a lugar algum. De um lado, a direita querendo garantir sua tranquilidade e suas posses; do outro, a esquerda querendo angariar mais espaço no cenário político e - na teoria, pelo menos – modificar a sociedade, tornando-a – com as bênçãos de Marx – justa e igualitária.
O MST vem crescendo gradativamente, tornando-se um movimento cada vez mais respeitável e forte; entretanto, as manchas de sangue e destruição deixadas, muitas vezes, nas fazendas improdutivas pelas quais ele passou, sujam sua ideologia tão nobre.
MST: guerrilha ou movimento de contestação social? Nem um, nem outro; ou, talvez, os dois. Quando foi fundado, em 1984, em Cascavel (PR), a ideologia de sua cúpula dirigente, incontestavelmente, era a de um bom e dedicado movimento marxista; contudo, com o passar dos anos, após conquistar cifras que lhe propiciaram simpatia internacional: 1,5 milhões de afiliados; cerca de 350 mil famílias assentadas e outras 80 mil em acampamentos, a cúpula acabou por desviar suas mais urgentes reivindicações e passou a – não raras vezes – infringir leis e tentar impor seus ideais à força, com demonstrações de vandalismo e de violência, dando razão às argumentações direitistas que querem considerar o movimento uma guerrilha rural formada para destituir o Estado Democrático de Direito. Excessos sensacionalistas à parte, o que há, em verdade, é que, conseguido um lugar representativo no cenário político, sua “diretoria” – ou pelo menos parte dela - se vendeu à ambição - escamoteada no velho ideal socialista, que sempre soa de maneira altruísta. Não esqueçamos que usando desta artimanha de persuasão, Stalin ascendeu ao poder.
Embora não se dê para assinar em baixo em todas as ações do MST – principalmente as que envolvem: saques; homicídios em confrontos; tomada de propriedades, sem a anuência da justiça; invasões de domicilio; sequestros e porte ilegal de armas; sem contar o teórico envolvimento do movimento com as FARC -, as medidas pretendidas a serem adotadas pelo governo em conjunto com o Ministério Público não são aceitáveis em uma sociedade dita democrática.
Sem dúvida, existe muita sujeira por baixo das enxadas dos sem-terra, e é ela quem faz perdurar a lástima de muitas famílias as quais realmente estão engajadas por acreditarem nos ideais propostos pelo movimento. Enquanto ainda há cerca de 80 mil famílias reclamando um espaço para produzir, existem porções de terra, doadas pela União ao movimento, que continuam improdutivas: apenas têm casas e bandeiras para demarcar o território.
O camponês, quando adquire seu espaço, na realidade, não o adquiri de fato; pois, pelas diretrizes do movimento, não se pode ter o título de propriedade, já que isso feriria um importante princípio do socialismo pregado. Todavia, sem o título, o donatário da terra, só está ali enquanto cumprir com as exigências e anseios do movimento, o que, sem dúvida, permite a manipulação das massas.
Entretanto, é o absurdo do autoritarismo e da arbitrariedade, tanto colocar o movimento na ilegalidade quanto fechar as escolas campesinas. Se o MST é, de fato, uma "organização criminosa", como sentencia o procurador gaúcho, então devem ser tomadas, impreterivelmente, todas as medidas legais cabíveis. Uma máfia, uma gangue, uma quadrilha, ou o MST – quando infrator - devem ser cassados, julgados e punidos da mesma forma. Se há o desmantelamento de grupos criminosos, por que não haveria de ter o dos sem-terra? O governo não deve se fazer de vítima e dizer estar com as mãos atadas, pois o seu medo real é mexer no vespeiro que se tornou o movimento; dentro dele há muitas histórias e historiadores. Com o movimento sendo remexido, muitos partidários da oposição – e seus respectivos rabos-presos - estarão encurralados, e, então, não tendo nada mais a perder, levarão consigo muitos partidários da situação. Adotando essa atitude fascista, o governo mata dois coelhos com uma cajadada só: se livra do movimento de contestação e força popular, e, ao mesmo tempo, sepulta “males entendidos” do passado.
Podem vir falar, mas tudo é estória! As escolas devem ser mantidas! Se é lavagem cerebral ou não, depende do ponto de vista. Para um camponês, lavagem cerebral é a educação dada nas instituições regulares de ensino, as quais segregam - ou incluem muito pouco - a história e vivência dos sem-terra, preparando os alunos para um mundo consumista e egoísta. Se esta metodologia – a socialista pregada nas escolas itinerantes - estiver precipitada e não for compatível para o desenvolvimento dessas futuras crianças dentro da sociedade atual, infelizmente, quem arcará com isso serão elas próprias e os futuros governos. Elas por fatalidade do destino; e os futuros governos por incompetência dos gestores anteriores: corruptos e gananciosos que não souberam dizimar o mal pela raiz, através dos pilares básicos: saúde, segurança, educação, habitação e emprego sustentável.
Não me venham dizer que estão preocupados com o destino dessas crianças, pois o que elas têm de diferente das da vila do lado da minha casa? Por que as daqui passam a madrugada se prostituindo e cheirando Crack, e nem ao menos o conselho tutelar aparece para apurar as denúncias? As daqui, nem a escola conhecem. As de lá, ao menos, a certeza de que sabem ler eu tenho. Se leem “O Capital” ou “A Riqueza das Nações”, aí já são outros quinhentos.
A Yeda está ferrada!
ResponderExcluirQue vergonha não questionar o PSOL no caso Pedro ruas por causa que sabe que tem o rabo preso.
Que vergonha para os gaúchos que se ufanavam de serem politizados colocam políticos desse "naipe".